Na manhã da quarta-feira passada (23), a Rioterra participou de um evento promovido pelo Ministério Público do Estado de Rondônia, em Porto Velho, para discutir os desafios e perspectivas da ação climática no estado. A organização foi representada pelo coordenador de projetos, Alexis Bastos, que participou como palestrante e compartilhou experiências acumuladas em mais de duas décadas de atuação na região.
Durante a fala, Alexis abordou os caminhos e desafios do mercado de carbono na Amazônia, destacando o papel essencial da conservação e da restauração como estratégias complementares.
“Hoje todo mundo só quer remoção de carbono, poucos querem conservar. Isso é um erro. Primeiro a gente conserva, depois restaura. A Rioterra atua desde 2011 com projetos de REDD e, mais recentemente, com projetos de AR junto a populações tradicionais, como a parceria com a ASMOREX na Resex Rio Preto Jacundá. São projetos com impacto social real, onde a floresta em pé é o ponto de partida para soluções de escala”, afirmou Alexis.
Ele também fez críticas à lógica dominante do mercado de carbono, que muitas vezes ignora os riscos e realidades da atuação na Amazônia. Alexis explicou que, após a publicação de relatórios críticos ao REDD, parte do mercado migrou rapidamente para os projetos de AR, motivada por interesses meramente econômicos. Essa mudança, segundo ele, é uma falha grave que compromete a conservação de áreas prioritárias.
“Risco faz parte de qualquer negócio, e na Amazônia não é diferente. Temos risco ambiental, político, estrutural e, mesmo assim, projetos como os da Rioterra seguem acontecendo, com impacto social e ambiental. Não dá pra querer fazer restauração na Amazônia sem aceitar os riscos que isso envolve”, completou.
Outro ponto central de sua fala foi o alerta sobre a necessidade de propósito e clareza ao desenvolver projetos de carbono. O mercado exige adicionalidade, permanência, salvaguardas, governança. Mas também exige propósito. “Quem não sabe o porquê está fazendo restauração, quem não entende o contexto local, dificilmente consegue gerar resultados duradouros”, explicou.

A participação da Rioterra no evento reforça seu compromisso com o diálogo interinstitucional e a busca por soluções climáticas que valorizem o conhecimento local, a justiça social e a conservação da biodiversidade amazônica.