COP30 e Rondônia

O que as decisões da conferência climática já estão mudando na Amazônia?

A primeira semana da COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, foi marcada por anúncios ambiciosos, debates acalorados e decisões que já começam a ecoar em diferentes territórios da Amazônia, inclusive em Rondônia. Sediada em Belém (PA), essa é a primeira COP realizada na Amazônia e traz expectativas de protagonismo para a região mais estratégica do planeta quando se fala em clima.

Para quem não está familiarizado, a COP é o principal fórum internacional onde líderes mundiais, cientistas, organizações da sociedade civil e empresas se reúnem para negociar ações e metas contra a crise climática. A edição de 2025 é considerada a mais importante desde o Acordo de Paris (2015), tanto por ocorrer em território amazônico quanto pelo peso das decisões que estão sendo discutidas.

Entre os principais temas em debate e encaminhamentos já realizados, estão em destaque:

Financiamento climático: Uma das maiores expectativas gira em torno da mobilização de US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para países em desenvolvimento. O Brasil propôs novos modelos para captar e aplicar esses recursos, com foco em:

  • Conservação de florestas
  • Restauração de áreas degradadas
  • Apoio a cadeias produtivas sustentáveis
  • Implementação de soluções baseadas na natureza

Natureza e clima: Avançou o compromisso de zerar o desmatamento até 2030, com articulação entre biodiversidade, agricultura e políticas públicas. O Brasil reiterou o papel da Amazônia e defendeu integrar conservação com desenvolvimento socioeconômico.

Economia climática e adaptação: Ganham força propostas para neutralidade de carbono até 2040, com uma nova lógica de desenvolvimento que una ciência, floresta em pé, geração de renda e bioeconomia local

E onde entra Rondônia?

O Estado aparece no radar da conferência por meio de decisões que têm implicações diretas sobre conservação, restauração e financiamento e que dialogam com os temas em debate em Belém. Um exemplo importante é a Floresta Nacional do Bom Futuro, localizada em Porto Velho.

Durante a primeira semana da COP30, foi realizada a assinatura simbólica do termo de concessão florestal da Flona do Bom Futuro, ato que representa um marco para a região. O edital prevê a concessão de, aproximadamente, 15 mil hectares para restauração e geração de créditos de carbono.

O que esperar dos próximos dias?

A segunda semana da COP30 promete decisões ainda mais relevantes, como:

  • Novos compromissos de países desenvolvidos com metas de corte de emissões
  • A criação de um fundo específico para compensações por perdas e danos
  • Avanços na definição de regras para o mercado internacional de carbono

Rondônia, mesmo distante das negociações formais, pode se beneficiar desses desdobramentos. Com projetos locais já em curso, como concessões, restauração florestal e créditos de carbono, o estado tem a oportunidade de traduzir os compromissos globais em ações concretas no território.