Doação de materiais de cercamento beneficia produtores em Rondônia

Entrega de materiais marca início da restauração em propriedades que buscam regularizar áreas e conciliar produção com conservação.

O Projeto Agro Verde segue avançando em Rondônia com mais uma etapa estratégica: a entrega de materiais para o cercamento de áreas degradadas que estão sendo restauradas em propriedades rurais. Desta vez, a ação contempla produtores que ingressaram recentemente no projeto e que buscam alinhar a restauração ambiental à continuidade da produção agrícola e pecuária, garantindo regularização ambiental e segurança jurídica sobre suas áreas.

Executado pela Rioterra em parceria com Reforest’Action e com apoio financeiro do Amazon Biodiversity Fund (ABF), o projeto tem como missão recuperar áreas degradadas e promover a sustentabilidade em territórios vulneráveis, fortalecendo a produção rural aliada à conservação. Para esses novos agricultores, a adesão ao projeto representa mais do que reflorestar: é também uma forma de evitar embargos ambientais que impedem a comercialização da produção, o acesso a crédito e até a aposentadoria rural.

Entre os beneficiários está o agricultor José, do Assentamento Migrantes. Ele conta que conheceu o projeto através de vizinhos e decidiu participar após ver a oportunidade de recuperar uma área de nascentes totalmente desmatada pelo antigo proprietário. “Para mim fazer o cercamento sozinho, com arame, lasca, adubo, era muito caro. Quando vi que o projeto fornecia tudo isso, entrei. Fiz o cadastro e só tinha a ganhar”.

José destaca que o projeto também é fundamental para sair do embargo ambiental. “Minha área estava toda em vermelho no mapa, embargada. Depois que isolei e começamos a reflorestar, o técnico voltou, atualizou o sistema e já não estava mais em embargo. Hoje está tudo legalizado, com contrato, tudo certinho. Posso vender o café, o gado, emitir nota. Sem isso, eu teria a terra, mas não conseguiria sobreviver dela”, afirma.

A entrega dos materiais de cercamento, como estacas, arame e mourões, é uma etapa crucial do processo de restauração. Segundo Iara, Coordenadora de Projetos na Rioterra, o isolamento protege as mudas de fatores de degradação como o pisoteio e o consumo por animais, além de reduzir a compactação do solo. “É uma etapa que garante o sucesso do plantio. Sem esse isolamento, a área não se recupera”, explica.

Além de permitir a regeneração da vegetação, o cercamento também protege o rebanho. “Antes, o gado descia nas grotas e morria atolado ou envenenado com ervas daninhas. Depois que cerquei, isso acabou. Foi o primeiro impacto que senti. E a água começou a voltar”, conta José. Ele também observa que a recuperação das áreas de nascentes melhorou o fluxo do rio e atraiu novamente a fauna local.

Para ele, o projeto tem impacto que vai muito além da propriedade: “Se metade dos lotes aqui no assentamento fizer o mesmo, o clima muda. Vai ter sombra, vai ter alimento pros bichos, vai melhorar o ar. Essas mudinhas que a gente planta aqui ajudam até lá fora, pro mundo. O reflexo é geral”, diz.

José reconhece o trabalho da Rioterra e a seriedade do projeto. “Tem contrato, tem visita, tem compromisso. Já indiquei pra muita gente. Muita gente achava que era furada, mas quando vêem cercado, reflorestado, tudo funcionando, mudam de ideia”, conta.