Evento internacional conta com inovações da RIOTERRA

Projeto Energias Renováveis da Amazônia Associa Geração de Renda com Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa.

A fome é um problema global que afetou 733 milhões de pessoas no mundo em 2023, equivalente a uma a cada 11 pessoas, conforme o relatório O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (SOFI). A contradição é que o desperdício alimentar mundial é estimado em um bilhão de toneladas de alimentos por ano. A maior parte, cerca de 60% do desperdício, acontece no ambiente domiciliar. A reciclagem de resíduos alimentares e a reestruturação dos sistemas agroalimentares aparecem entre os principais desafios para a eficiência na segurança alimentar.

Para promover a troca de experiências inovadoras sobre como evitar o desperdício de alimentos, foi realizado em Brasília (DF) de 22 a 24 de outubro de 2024, o Workshop “Prevenção de Perdas e Desperdício de Alimentos”, com a participação de especialistas de 15 países da América Latina e Caribe. O evento contou com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e diversos parceiros, sendo uma iniciativa do G20 (MACS-G20) para trabalhar agricultura e nutrição.

Durante a programação, cerca de 150 representantes de governos, sociedade civil, organizações internacionais, academia e de empresas da área de tecnologia e alimentação mostraram experiências práticas realizadas em diferentes países da região para reduzir o desperdício. Entre as experiências compartilhadas estavam planos e estratégias nacionais, mutirões em centros de abastecimento, estudos estatísticos, campanhas de comunicação, aplicativos inovadores e outras diversas iniciativas que foram compartilhadas entre os participantes.

Rioterra – Inovação através do Fogo

Representado pela bióloga Cláudia Marquiori, o Centro de Inovações da Amazônia – Rioterra esteve presente apresentando soluções através do Projeto Energias Renováveis da Amazônia – ERA. O uso de biodigestores para produção de energia térmica mostrou ser uma alternativa eficaz para evitar os desperdícios em propriedades agrícolas. Eles proporcionam uma verdadeira transformação social e ambiental ao passo que evitam custos com gás de cozinha e combatem as mudanças climáticas, além de criar uma economia circular na propriedade, uma vez que transformam os resíduos em biofertilizantes que podem ser usados no ciclo de produção de alimentos novamente.

A apresentação do projeto ERA chamou a atenção de representantes de vários países, principalmente brasileiros, devido às possibilidades de melhorar as condições da mulher no campo. O projeto tem ainda apelo ambiental sendo um modelo que atua na redução da emissão de gases de efeito estufa – GEE, promovendo uma agricultura de baixo carbono através da substituição do corte de lenha, utilizada para cozimento de alimentos, por geração de energia pelos biodigestores. 

O projeto foi implantado no Norte de Rondônia, numa região de propriedades de agricultura familiar não atendidas por sistemas de saneamento básico e tratamento de água. Diante dessa lacuna, o projeto foi planejado para introduzir formas de reaproveitar resíduos orgânicos para produção de energia térmica, o biogás. A ação introduz novas formas de gestão da propriedade rural e contribui com a geração de renda, segurança alimentar e redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE).

Pacto contra a fome

Outro assunto muito relevante abordado no Workshop “Prevenção de Perdas e Desperdício de Alimentos”, foi o “Pacto Contra a Fome”, um programa do governo que visa a segurança alimentar e nutricional da população mais carente. Além do Brasil, vários outros países trazem esse pacto como uma das principais ações que diminuem as taxas de pessoas vulneráveis.

A Embrapa apresentou várias alternativas quanto a produção de alimentos e diminuição de perdas nos processos de colheita até o consumidor final. Sobre esse assunto, foi apresentado o gráfico “A história das 100 batatas” que é uma pesquisa viabilizada pela ONU que aponta onde ocorrem os desperdícios e qual a porcentagem em cada processo. Para se ter uma ideia de quanto alimento é desperdiçado no mundo, de cada 100 batatas produzidas, duas são perdidas no campo, nove na classificação, três no armazenamento, 17 se perdem em embalagens e transporte, outras nove estragam na cozinha, 20 estragam na preparação e outras 15 são desperdiçadas, sobrando apenas 25 para o consumo em alimentação na mesa.

Lutar para mudar essa realidade, enquanto as pessoas passam fome nas ruas, também é nossa responsabilidade.